Sua genialidade é claramente percebida pela maneira em que compunha: costumava compor "de cabeça", enquanto gesticulava e pronunciava os versos de forma excêntrica, e só depois transcrevia o poema para o papel. Fazia isso de forma tão vívida, que sua irmã pensava que ele estava doido. Mas sua sanidade é claramente vista em seus versos. Por exemplo, um exemplar de sua obra faz parte da biblioteca da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, por causa dos termos científicos que Augusto dos Anjos utilizava em suas composições. Aos vinte e oito anos, publicou o seu único livro de poemas, intitulado EU. O tema deixa claro que sua poesia tentava expor todos os sentimentos e frustrações dentro do próprio ser (diferentemente da maioria dos autores da época, que concentravam numa outra pessoa o fundamento de seus versos). Sua poesia era tão triste e agressiva que ele foi chamado de “o poeta da morte e da melancolia”. Mas há alguns sonetos fogem a essa regra. Abaixo você verá um dos poucos poemas felizes de Augusto dos Anjos. Espero que gostem.
NOIVADO
Os namorados ternos suspiravam,
Quando há de ser?! O noivo então dizia
E a noiva e ambos d'amores s'embriagavam.
E a mesma frase o noivo repetia;
Fora no campo pássaros trinavam.
Quando há de ser?! E os pássaros falavam,
Há de chegar, a brisa respondia.
Vinha rompendo a aurora majestosa,
Dos rouxinóis ao sonoroso harpejo
E a luz do sol vibrava esplendorosa.
Chegara enfim o dia desejado,
Ambos unidos, soluçara um beijo,
Era o supremo beijo de noivado!
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