domingo, 4 de julho de 2010

SUCESSO INTELIGENTE

Conhecido por sua versatilidade e competência no cinema, TV e teatro, o diretor alemão Mike Nichols construiu uma carreira consolidada com obras recheadas de assuntos relevantes. Pelo conjunto de seus projetos, Nichols recebeu o 38º American Film Institute Achievement Award, um dos mais importantes prêmios cinematográficos dos EUA.

Em mais de 50 anos de carreira, Mike Nichols fez sucesso primeiro como comediante e depois como diretor no teatro e no cinema. Dirigiu poucos filmes, mas de gêneros diversos: comédias singelas ou alegóricas, dramas sociais, tragédias pessoais, romances realistas ou viscerais. Levou para as telas textos de diversos autores, por vezes antagônicos. Em comum, o estilo do diretor: maduro, sem deixar de ser moderno; contundente, sem perder a elegância.

Michael Igor Peschkowsky nasceu em Berlim, em 6 de novembro de 1931,filho de judeus intelectuais. A casa era um lugar de discussão de idéias, um motivo a mais para que a família fugisse da Alemanha pouco antes da Segunda Guerra Mundial. OS Peschkowsky chegaram aos Estados Unidos em 1939. O pai de Mike morreu quatro anos depois. Obrigado a trabalhar desde cedo, o futuro diretor batalhou para conseguir bolsas de estudos, que o levaram à Universidade de Chicago.

Logo nos primeiros anos de vida acadêmica, Mike se desencantou com a universidade e foi viver sua verdadeira paixão, o teatro. Mudou-se para Nova York para estudar com Lee Strasberg e depois voltou para Chicago para se unir a um grupo de atores chamado Compass Players. No grupo, trabalhou com Alan Arkin, Barbara Harris, Roger Bowen, Paul Sills e Edward Asner.

A parceria mais importante, porém, se deu com Elaine May, com quem Mike criou uma dupla famosa entre 1956 e 1961. Juntos, May e Nichols mudaram o panorama da comédia nos Estados Unidos, apresentando-se por todo o país - no palco, no rádio e na TV.

Em 1963, Nichols optou pela direção no teatro e estreou com a peça de Neil Simon Descalços no Parque (Barefoot in the Park). O sucesso foi tão grande que a peça ficou em cartaz até 1967, totalizando 1 530 apresentações. A direção desse e de outros espetáculos bem-sucedidos lhe abriu as portas do cinema.

A estréia veio com a adaptação para as telas de uma peça teatral: Quem tem Medo de Virginia Woolf? (Who’s Afraid of Virginia Woolf?, 1966). O filme teve nada menos do que 13 indicações ao Oscar, incluindo melhor filme e melhor diretor. Levou cinco: melhor atriz (Elizabeth Taylor), melhor atriz coadjuvante (Sandy Dennis), melhor direção de arte (preto e branco), melhor fotografia (preto e branco) e melhor figurino.

O Oscar para Nichols viria já no segundo filme, A Primeira Noite de Um Homem. O impacto da produção foi impressionante. Baseado em um livro pouco expressivo de Charles Webb, o filme de Nichols virou um ícone dos anos 1960. "Na pré-estréia de A Primeira Noite de Um Homem, as pessoas ficaram de pé nos últimos cinco minutos, gritando eufóricas e empolgadas. Quase desmaiei com a reação, com a leitura que fizeram do filme", conta o diretor.

No entanto, as produções seguintes de Nichols não foram bem recebidas. E a carreira de Mike Nichols entrou em crise. Nichols só voltaria a fazer as pazes com a telona com Silkwood – O Retrato de Uma Coragem (Silkwood, 1983), estrelado por Meryl Streep. O filme foi indicado a cinco Oscar, incluindo melhor diretor.

E foi assim por toda a carreira de Mike Nichols – alternado entre sucessos e fracassos de bilheteria. Mas o talento de um diretor não pode ser medido dessa forma. Os filmes de Nichols conseguem capturar emoções de forma bastante precisa e inteligente. Não é a toa que seu maior sucesso, A Primeira Noite de um Homem, seja considerado um retrato dos anos 60.

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