Em Novembro de 1807, D. João VI decidiu transferir da corte portuguesa para o Brasil, temendo um ataque de Napoleão. Mas obviamente Le queria continuar a desfrutar tudo o que a Europa considerava civilizado. Além de abrir portos brasileiros para as nações amigas, fundar o Banco do Brasil e fomentar a indústria, D. João VI desejava estimular a vida cultural, especialmente no Rio de Janeiro. Depois da derrota de Napoleão em 1815, o Brasil convidou alguns artistas franceses para que trouxessem para o Brasil elementos louváveis e desejáveis da civilização francesa.
Em 26 de março de 1816, no Rio de Janeiro, um grupo de artistas e artífices franceses aportou do navio Calpe. Entre os artistas estava Jean-Baptiste Debret, que desenvolveu uma profunda relação pessoal e emocional com o Brasil, adquirida nos 15 anos em que viveu aqui. Em 1831 o pintor voltou à França e ali publicou entre 1834 e 1839 a obra Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (Voyage Pittoresque et Historique au Brésil), sendo composta de 153 pranchas, acompanhadas de textos que elucidam cada retrato. Nela Debret tenta mostrar aos leitores - em especial europeus - um panorama que mudasse a simples visão de um país exótico e interessante apenas do ponto de vista da história natural. Mais do que isso, tentou criar uma obra histórica; mostrar com detalhes e minuciosos cuidados a formação - especialmente no sentido cultural - do povo e da nação brasileira; procurou resgatar particularidades do país e do povo, na tentativa de representar e preservar o passado do povo, não se limitando apenas a questões políticas, mas também a religião, cultura e costumes dos homens no Brasil. Seu desejo, segundo ele, era “compor uma verdadeira obra histórica brasileira, em que se desenvolve progressivamente uma civilização que já honra esse povo, naturalmente dotado das mais preciosas qualidades, o bastante para merecer um paralelo vantajoso com as nações mais brilhantes do antigo continente.”
O livro é dividido em 3 tomos: no primeiro de 1834 estão representados índios, aspectos da mata brasileira e da vegetação nativa em geral.
O segundo tomo, de 1835, concentra-se na representação dos escravos negros, no pequeno trabalho urbano, nos trabalhadores e nas práticas agrícolas da época.
Já o tomo terceiro, de 1839, trata de cenas do cotidiano, das manifestações culturais, como as festas e as tradições populares.
Aprecio com muita satisfação as obras artisticas do grande mestre Debret,que em pleno século xix, época em que a fotografia não havia retratou cenas através da pintura em técnica da aquarela com uma fidelidade incomparável. Graças á ele temos um vasto e riquíssimo acervo de belas e raras imagens reais do cotidiano do Brasil de outrora. Ele com sua equipe percorreu grande parte desse imenso território,inóspito e desconhecido registrando atravé s das artes plásticas raras cenas de um passado longínquo . Suas obras abordaram arquitetura,fauna,flora,lugares,usos,costumes,temas religiosos,sociedade,etc.Suas obras são largamente usadas como resgate histórico,cultural,étnico,em várias áreas do conhecimento humano.
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