sábado, 29 de maio de 2010

CONHECENDO O FANTASMINHA

Depois de um começo inusitado, Cebolinha consegue fazer amizade com os novos moradores do Bairro do Limoeiro.



sexta-feira, 28 de maio de 2010

CONTINUANDO A MENTIR (Carlos Drummond de Andrade)

OUTRO DIA, fulano ia pela calçada ...
Minto. Evidentemente, não ia pela calçada, lugar por onde não se vai, nem vem, a menos que se possua carro, e esta utilidade não figura em sua declaração de bens ao Imposto de Renda.
Fulano ia pois pela rua, lugar hoje mais propício ao pedestre ...
Outra mentira. Como se a rua houvesse tomado o papel da calçada, depois que a calçada tomou o papel da rua. Ora, todos sabemos que calçada e rua são a mesma coisa, na cidade moderna, e essa coisa é defesa ao cidadão imotorizado.
Portanto, Fulano não ia por lugar algum, mas este é outro beliscão à verdade, pois dessa ou daquela maneira, sem ser em terra ou no ar, não se sabe como, nem adianta saber, as pessoas continuam indo, andando, providenciando, vivendo.
Milagre dos tempos. Eu vou, tu vais, ele vai. Não há lugar para ninguém, fora de casa; contudo, inventamos lugar - inventar é a solução - e seguimos para nossos negócios, nossos amores, nossas vadiações, nosso tudo e mais alguma coisa.
Ia portanto Fulano - e peço que não me interrompam mais, isto é, peço a mim mesmo para não me interromper; pois estou cansado de começar e recomeçar retificando os arranhões à verdade, lei suprema da vida. Suprema? Ora, eis-me de novo mentindo e, o que é mais grave, mentindo em homenagem à verdade, para atribuir-lhe supremacia que nunca teve entre os homens.
Já me perturbo e, francamente, não sei como continuar, se apenas comecei e nem sequer este começo está assentado em terreno sólido, o terreno das afirmações indiscutíveis. Bem sei que Fulano é algo insofismável em sua realidade física; sei perfeitamente que ele ia de qualquer maneira, outro dia, a algum fim dele sabido e que não interessa investigar. Ou interessa? Será um conspirador contra as instituições, ele que toda a vida conheci morigerado, temente a Deus e ao governo, cumpridor de deveres e partidário da conciliação universal? Será que ultimamente ... ?
Sim, que ia ele fazer aquele dia, pois alguma coisa na certa ia fazer, e quem me garante que não mentira a vida inteira para mim, para o Imposto de Renda em particular e para as nações em geral? Não seria ele um dos agentes de Watergate, espião universal, disfarçado na modesta epiderme fulânica, para insinuar-se em meu bairro, onde não há segredos de Estado, e precisamente aí detectá-los, pois os segredos estão onde não podiam estar, e onde são encontrados é onde nunca estiveram ocultos?
Quem diria, hem? Conhecia-o há tantos anos, tanto chope bebemos juntos, e no fundo do chope estava a verdade. F-07, agente multinacional, infiltrado no coração da minha confiança. Sabia mentir, o safado. Ou sou eu que, suspeitando de sua dobrez, de resto sem o mínimo indício, ou por isso mesmo, pus-me a fantasiá-Io assim. Menti, supondo que talvez me mentisse. Resta-lhe o direito de mentir por sua vez, acusando-me de ladrão do cofre das almas na igreja do Carmo, que para assaltante de supermercado não dou, seria mentira demais. Sinto-me inerme, às mãos de Fulano, que tem o direito de atribuir-me as piores coisas, os atos mais estranhos, numerados ou não, as ações cometidas e as simplesmente pensadas, que são as mais graves de todas. Até o ponto de eu dizer-lhe: "Chega. Pois isto que acabas de dizer a meu respeito infelizmente é verdade, e sei lá o que descobrirás depois."
Paro aqui. Não direi que ele se dirigia ao Colégio Eleitoral, ou ao cursinho prévio para habilitar-se ao vestibular do dito Colégio, nem se existem vagas nesse estabelecimento e se o currículo estimula as competências. O que foi fazer Fulano outro dia, não há mais espaço, nem na calçada nem na rua nem no papel para narrá-Io ou adivinhá-lo, Esta é que é a verdade.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

TALENTO BRASILEIRO CONQUISTANDO ESPAÇO

m Limoeiro do Norte, no interior do Ceará, onde as carroças ainda disputam espaço com motos e bicicletas nas ruas, todos conhecem José Edilbenes Bezerra, de 36 anos, como "aquele que desenha". Desde os 18, quando deixou de fazer bicos em uma fábrica de filtros e de trabalhar como-servente de pedreiro, ele passa até onze horas por dia, incluindo sábados e domingos, sentado numa escrivaninha com o lápis em punho. Mesmo sem entender inglês nem nunca ter saído do país, Edilbenes é contratado exclusivo da poderosa DC Comics, a segunda maior editora de quadrinhos dos Estados Unidos, detentora de títulos como Batman e Superman. Os quadrinhos que desenha raramente chegam a uma das três bancas de Limoeiro, mas ele não se incomoda com isso. "Aqui todos sabem o que eu faço. VIra e mexe vem um garoto me mostrar uma ilustração e pedir dicas", diz Ed Benes, apelido pelo qual é conhecido no exterior. O cearense não é o único brasileiro do ramo a fazer sucesso nos Estados Unidos. O número de artistas nacionais que emprestam seus traços às editoras de quadrinhos americanas triplicou nos últimos quatro anos. Atualmente, outros 150 desenhistas e coloristas trabalham nesse mercado. A maioria faz 22 páginas por mês, o equivalente ao tamanho de uma edição. Como recebem de 50 a 500 dólares por página desenhada, sua renda mensal varia de 1 100 a 11 000 dólares.

Os desenhistas brasileiros são parte de uma indústria que movimenta anualmente, o com a venda de publicações, 330 milhões de dólares nos Estados Unidos. Neste ano, dos dez quadrinhos mais vendidos por mês, dois foram desenhados por artistas nacionais. O traço brasileiro não agrada só ao público: faz sucesso também entre os críticos. Em 2008, o gaúcho Rafael Grampá e os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bã, de São Paulo, venceram o Eisner Awards, premiação americana que é considerada "o Oscar dos quadrinhos". A equipe, que inclui dois outros desenhistas estrangeiros, ganhou com uma série de histórias sem balões em que os personagens são os próprios desenhistas. "Depois do prêmio. ficou muito mais fácil discutir novos projetos com as editoras", conta Moon. Hoje, ele e o irmão trabalham juntos em projetos para duas editoras internacionais.

O crescimento da participação de estrangeiros no mercado de quadrinhos americano (além dos brasileiros, também italianos e filipinos vêm ganhando espaço nele) deve-se principalmente à facilidade com que, graças à internet, as editoras identificam novos artistas e recebem deles os desenhos. Além disso, o preço de página de um iniciante estrangeiro é menor do que o de seu equivalente americano. “Enquanto um brasileiro que está começando cobra, no máximo, 75 dólares por página, um americano não trabalha por menos que isso', diz Joseph Rybandt, editor da Dynamite Entertainment. "Claro que, quando eles ficam mais renomados, o salário acaba se igualando", diz.

As agências especializadas, que se encarregam de fazer a ligação entre artistas e editoras, são outro elemento facilitador na contratação de estrangeiros pelos americanos. Segunda Chris Allo, coordenador de talentos da Marvel Comics, grande parte dos desenhistas brasileiros não fala inglês e, portanto, não entende os roteiros originais das histórias que ilustra. As agências é que se encarregam de fazer a tradução. Ed Benes usa esse tipo de serviço. Mas, quando tem de se comunicar com o intermediário que vende originais de seus trabalhos a fãs nos Estados Unidos (ao preço de até 10 000 dólares cada desenho), recorre ao tradutor automático do Google. Mensalmente, ele recebe da DC Comics em torno de 8 000 dólares, descontados os 18% que ficam com a agência. O dinheiro o tornou um dos moradores mais ricos de sua cidade. Difícil é gastá-Ia, já que na pequena Limoeiro nem cinema tem. Para ver seus heróis na tela, o artista tem de viajar 200 quilômetros até Fortaleza.

Quando os primeiros desenhistas brasileiros começaram a ser contratados nos Estados Unidos, no fim da década de 80, os editores temeram que seus nomes soassem latinos demais para os ouvidos americanos. Ao sulmato-grossense Marcelo Campos, por exemplo, sugeriram que assinasse "Marc Fields". "Não gostei, mas acabei topando assinar como Marc Campos", diz. Um dos pioneiros do mercado, ele foi desenhista dos mutantes do X-Men e do Homem de Ferro, entre outros personagens. Hoje, Marc voltou a ser Marcelo e abriu uma escola de desenho em São Paulo, para ensinar garotos que aspiram um dia dar vida ao Superman ou mostrar uma batalha entre o Homem-Aranha e o Duende Verde na TImes Square - ainda que nunca tenham estado lá, como Ed Benes. Há algum tempo, o artista cearense foi convidado pela DC Comics para participar de uma convenção de quadrinhos em San Diego, na Califórnia. "Tudo pago, mas eu não quis ir. Nem passaporte eu tenho, e daria muito trabalho para tirar." Ed chegou a morar em São Paulo, mas não gostou da experiência. "Lá é um desassossego só. Não quero sair daqui, não." Nem precisa. De Limoeiro do Norte, seus desenhos já dão a volta ao mundo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

FICÇÃO CIENTÍFICA PARA TODOS OS GOSTOS

Dois dos filmes de ficção científica mais importantes de 2009 custaram, juntos, 10 vezes menos que o novo Star Trek. E mais importante: estiveram entre as produções mais celebradas no Sundance, o maior festival de filmes independentes do mundo, em 2008 e 2009. Nada mal para um gênero que raramente sai do mundo de altos orçamentos (e de mesmice) dos grandes estúdios. O mais recente deles é Moon ("Lua"). Trata-se de um thriller psicológico em que um homem isolado há 3 anos na Lua acaba encontrando outra pessoa ali: ele mesmo. Um filme tão inteligente quanto barato, com orçamento de US$ 5 milhões. O de 2008 é Sleep Dealer ("Traficante de Sono"): ali, mexicanos fazem trabalhos braçais nos EUA sem atravessar a fronteira: emprestam sua consciência para robôs via rede. Em suma, um filme mais cerebral e outro mais pé no chão, mas que, cada um à sua maneira, trazem uma lufada de ar fresco ao gênero que já produziu clássicos como estes aqui embaixo.


terça-feira, 25 de maio de 2010

É DE CAIR O QUEIXO

Abaixo tem dois videos que deixam qualquer um de boca aberta. O primeiro mostra um desenho (com boa medida de perfeição) da Mona Lisa feita no Paint. É simplesmente incrível. E se gostar, nos "videos relacionados" você encontrará muitos outros desenhos fantásticos feitos da mesma forma.





O segundo vídeo não é menos surpreendente. A maior parte das crianças já brincaram de Lego. Agora fazer sculturas com esse brinquedo é algo muito difícil. Agora, transformar essa tarefa num vídeo de stop motion com bonequinhos é uma tarefa quase impossível. Pois David Gunstensen conseguiu e o vídeo é incrível.


segunda-feira, 24 de maio de 2010

DE VOLTA AO CLÁSSICO

Um dos personagens mais amados dos games vai viver uma nova aventura. Em Sonic The Hedgehog 4 Episode I, a Sega apresenta o porco-espinho Sonic no bom e velho estilo clássico 2D. Abaixo você pode assistir ao trailer.


O que tem isso de espetacular? Depois de tantas variações desastrosas do jogo, os fãs agradecem poder ver o Sonic do jeitinho em que conquistou o mundo. E realmente não foi fácil a vida do mascote da Sega. Explorando seu personagem mais cativante, a Sega já fez de tudo: desde jogos em que Sonic sai na pancadaria com outros personagens (Sonic the Fighter de 1996) até corridas de carros (pode parecer piada, mas em 1995 nos jogos Sonic Drift, 1 e 2, o personagem mais rápidos dos games precisa pisar no acelerador). Mesmo jogos no estilo aventura foram modificados (como o Sonic 3D Blast de 1996), fazendo o personagem perder seu brilho. Ok, exagerei nessa ultima frase. Sonic fez parte da infância e adolescência de muita gente e, por isso, mora em nosso coração. Por isso O ESPAÇO DAS ARTES trará todas as semanas matérias especiais sobre o surgimento do Sonic e suas principais aventuras.

domingo, 23 de maio de 2010

POLÊMICA NO CINEMA

Em sua grande maioria, as histórias nos filmes são ficções, o que é uma coisa boa, afinal de contas nós queremos assistir um filme para nos divertir. Mas, devido a sua popularidade, o cinema tem a obrigação de criar obras que façam as pessoas analisarem de forma crítica o sistema. O problema é que esse tipo de filme é raro, deixando indignados diretores que tem uma visão mais idealista sobre o cinema. Entre eles está o ganhador de três Oscar’s Oliver Stone, que recentemente fez críticas a diretores de cinema que fazem grandes filmes, mas sem "mensagens e valores". O cineasta, que preferiu não dar nomes, disse que há "diretores fabulosos" que "estão completamente pervertidos em termos históricos". Por isso, afirmou, o resultado dos filmes é "horrível", mesmo tendo recebido indicações ao Oscar.

De fato, Oliver Stone sempre deixou claro sua opinião, principalmente em seus filmes que sempre pautaram a uma boa controvérsia. Ótimos exemplos disso são os filmes JFK - A Pergunta Que Não Quer Calar (JFK, 1991), Nixon (Nixon, 1995) e agora W. (W. 2008), uma crônica dramatizada sobre a personalidade e o governo de George W. Bush. Oliver Stone dedicou grande parte de seu cinema a figuras influentes e momentos polêmicos da história, americana ou não. Essa tendência engloba desde o amigo Fidel Castro – nos documentários Comandante (2003) e Looking for Fidel (2004) - até um ícone do rock, como Jim Morrison, em The Doors (1991). Mas nenhum tema ocupou tanto suas idéias como a Guerra do Vietnã, visitada na trilogia composta de Platoon (Platoon, 1986), Nascido em 4 de Julho (Born on the Fourth of July, 1989) e Entre o Céu e a Terra (Heaven &Earth, 1993). O próprio Stone – nascido em Nova York em 15 de setembro de 1946 - em 1967 largou a Universidade de Yale, onde estudava artes, para se alistar e lutar nas trincheiras próximas à fronteira com o Camboja. Foi ferido e condecorado. Até esse momento, sua trajetória parecia com a do novato e idealista soldado Chris Taylor, o protagonista de Platoon, inclusive no que diz respeito a fumar maconha, hábito que levaria o diretor a ser detido e preso no México aos 21 anos e ainda hoje lhe cria situações embaraçosas com a polícia.

No retorno aos Estados Unidos, Stone estudou cinema na New York University, onde foi colega de nomes como Martin Scorsese. Nesse período, realizou seu primeiro curta-metragem, Last 1 Year in Viet Nam (1971), trabalho de estudante, mas que já apontava seus interesses. Três anos depois, Stone começa a rodar seus primeiros filmes, além de trabalhar como roteirista para outros diretores. Antes mesmo de se afirmar na direção, ganhou o primeiro Oscar pelo roteiro de O Expresso da Meia-Noite (Midnight Express, 1978), de Alan Parker. O prêmio impulsionou sua carreira, mas Stone teve de hipotecar a casa e contar com a ajuda de um produtor britânico para alavancar sua primeira produção de calibre como diretor. Salvador - O Martírio de um Povo (Salvador, 1986) abordava a ditadura em El Salvador visto pelos olhos de um jornalista (James Woods). A fita inaugurou a vertente política do cinema de Stone, quase sempre pautado por buscar fatos novos e reveladores acerca de momentos e personagens históricos. Platoon, o filme seguinte, elevou Stone ao primeiro time dos realizadores americanos e lhe rendeu o primeiro Oscar como diretor. A produção de inspiração autobiográfica unia qualidades raras para o período, especialmente ao trazer a público a Guerra do Vietnã como ela foi. Certa vez, Stone justificou o interesse pelo tema da guerra de forma mais ampla: "Nacionalismo e patriotismo são duas das forças mais diabólicas que conheço neste ou em qualquer outro século e causam mais guerras, mortes e destruição para a alma e a vida humana do que qualquer outra coisa." Os prêmios e a consagração mostraram que o diretor estava no caminho certo e que sua interpretação do Vietnã vinha para cutucar sem fantasia uma das feridas da história americana. A certeza confirmou-se no segundo e terceiro filmes sobre o tema. Com Nascido em 4 de Julho e Entre o Céu e a Terra, Stone fornecia variados pontos de vista do conflito. No primeiro título, adaptou o livro de Ron Kovic, que descreve seu retorno para casa como um herói mutilado (interpretado por Tom Cruise) e a difícil readaptação. No filme seguinte, a intenção ganhou contornos românticos na história de uma jovem vietnamita que se envolve com um militar America no (Tommy Lee Jones).

Nem sempre as figuras reais que interessam a Stone são poderosas como os presidentes que retratou. Um exemplo foi o radialista Alan Berg, que comandava um talk show de sucesso numa rádio de Denver, Colorado (EUA), quando foi assassinado por um grupo de extrema direita, em 1984. Berg inspirou o personagem Barry Champlain (Eric Bogosian) de Talk Radio - Verdades Que Matam (Talk Radio, 1988). Em seguida, veio The Doors (1991). Sobre a ascensão e morte do cantor e líder da banda, Jim Morrison (Val Kilrner).

Outro filme de grande repercussão foi Wall Street - Poder e Cobiça (Wall Street, 1987), sobre o trabalho estressante no mercado financeiro de Nova York, uma velha e milionária raposa da Bolsa de Valores (Michael Douglas) acolhe e ensina um ambicioso aprendiz (novamente Charlie Sheen) a progredir e ganhar muito dinheiro. O pai do diretor, Louis Stone, foi um corretor de ações que fez fortuna e possibilitou ao filho freqüentar as melhores escolas. Perdeu tudo mais tarde e separou-se da mulher quando Oliver Stone era ainda adolescente. Mas, nas férias com a mãe na França, onde ela nasceu, seu pai lhe arranjou empregos de verão na área financeira. O futuro diretor tinha, assim, uma experiência pronta para levar à tela.

Neste ano, Oliver Stone, que disse que não tem pensado em se aposentar em breve, apresentou em Cannes o filme "Wall Street - O dinheiro nunca dorme" (Wall Street: Money never sleeps), sequência do sucesso de 1987. Passados mais de 20 anos da primeira parte do filme (que volta a ter como ator principal Michael Douglas) o diretor demonstrou frustração ao ver que as normas de funcionamento de Wall Street não mudaram tanto como esperava. "Pensei que o sistema seria corrigido com o tempo, mas isso não aconteceu", lamentou Stone, cujo novo filme coloca em destaque a avareza do mundo das altas finanças e que foi rodado em plena explosão da atual crise financeira mundial.
No final deste mês, o diretor virá ao Brasil para divulgar o documentário "South of the border" ('ao sul da fronteira', em português), que aborda o avanço das forças políticas de esquerda na América Latina e registra sua viagem por cinco paísas da América Latina e as conversas com os presidentes Hugo Chavez, Evo Morales, Lula, Fernando Lugo, Rafael Correa, Raul Castro, Christina Kircher e seu mario e ex-presidente Nestor Kirchner. Vale a pena assistir ao trailer abaixo.

FILMOGRAFIA
2010 - Wall Street - O dinheiro nunca dorme (Wall Street: Money never sleeps)
2009 - Ao Sul da Fronteira (South of the Border)                            
2008 - W.
2006 - As Torres Gêmeas (World Trade Center)
2004 - Looking for Fidel
2004 - Alexandre (Alexander)
1999 - Um Domingo Qualquer (Any Given Sunday)        
1997 - Reviravolta (U Turn)        
1995 - Nixon
1994 - Assassinos por Natureza (Natural Born Killers)   
1993 - Entre o Céu e a Terra (Heaven & Earth)  
1991 - JFK - A pergunta que não quer calar (JFK)             
1991 - The Doors
1989 - Nascido em 4 de Julho (Born on the Fourth of July)         
1988 - Talk Radio             
1987 - Wall Street - Poder e cobiça (Wall Street)             
1986 - Platoon  
1986 - Salvador - O martírio de um povo (Salvador)
1981 - A mão (The Hand)                            
1979 - Madman of Martinique (curta)  
1974 - Seizure  
1971 - Last Year in Vietnam (curta)





sábado, 22 de maio de 2010

ESTÓRIAS DE TERRIR

Em 1963 entra em cena nas tirinhas do Cebolinha uma turma cuja missão era espalhar o “terrir”. Sim, terrir, pois eles não são nem um pouco assustadores e só conseguem nos matar de rir. Segundo Mauricio de Sousa, o Fantasminha (que mais tarde ganhou o nome de Penadinho) foi criado "para desmistificar os medos e pavores que cercaram a infância". Baseado no Gasparsinho, o Penadinho é um fantasminha alegre e simpático, embora, as vezes, tente se distrair no cemitério tentando assustar alguém. Mas na maior parte das vezes, as aventuras só acontecem com seus amigos do outro mundo.
Alguns detalhes de sua vida pré-morte foram reveladas em algumas estórias. Por exemplo, aparentemente o Penadinho era muito alto quando vivo e até ganhou o Prêmio As Pernas Mais Bonitas, porém, ao estacionar um carro num ferro-velho foi esmagado e morto por um imã, e virou um fanstaminha baixinho (Almanaque do Cascão número 74, Editora Globo). Também sabemos que antes de morrer, Penadinho tinha uma namorada com quem quase se casou, mas agora, ele namora a fantasma Alminha.
Nas primeiras estórias, o Penadinho e sua família de fantasmas moravam numa casa abandonada no bairro do limoeiro. Com o passar dos anos, porém, Mauricio notou o potencial do personagem, mudou sua “residência” para o cemitério e lhe deu uma divertida turma, formada não apenas por fantasmas, mas também por outros seres da ficção e da mitologia. Assim, foram surgindo Cranicola, Muminho, Zé Vampir, Frank, Lobi, Zé Caveirinha, Dona Morte, Alminha e outros.
Veja abaixo como foi o encontro inusitado entre o Cebolinha e o Penadinho.


sexta-feira, 21 de maio de 2010

RECALCITRANTE (Carlos Drummond de Andrade)

O trocador olhou, viu, não aprovou. Daquele passageiro, escanchado placidamente no banco lateral, escorria um fio de água que ia compondo, no piso do ônibus, a microfigura de uma piscina.
- Ei, moço, quer fazer o favor de levantar?
O moço (pois ostentava- barba e cabeleira amazônica, sinais indiscutíveis de mocidade), nem-te-Iigo.
O trocador esfregou as mãos no rosto, em gesto de enfado e desânimo, diante de situação tantas vezes enfrentada, e murmurou:
- Estes caras são de morte.
Devia estar pensando: Todo ano a mesma coisa. Chegando o verão, chegam problemas. Bem disse o Dario, quando fazia gol no Atlético Mineiro: Problemática demais. Estava cansado de advertir passageiros que não aprendem como viajar em coletivo. Não aprendem e não querem aprender. Tendo comprado passagem por 65 centavos, acham que compraram o ônibus e podem fazer dele casa-da-peste. Mas insistiu:
- Moço! Ô moço!
Nada. Dormia? Olhos abertos, pernas cabeludas ocupando cada vez mais espaço, ouvia e não respondia. Era preciso tomar providência:
- O senhor aí, cavalheiro, quer cutucar o braço do distinto, pra ele me prestar atenção?
'O cavalheiro, vê lá se ia se meter numa dessas. Ignorou, olímpico, a marcha do caso terrestre.
Embora sem surpresa, o cobrador coçou a cabeça. Sabia de experiência própria que passageiro nenhum quer entrar numa fria. Ficam de camarote, espiando o circo pegar fogo. Teve pois que sair do seu trono, pobre trono de trocador, fazendo a difícil ginástica de sempre, Bateu no ombro do rapaz:
- Vamos levantar?
O outro mal olhou para ele, do longe de sua distância espiritual. Insistiu:
- Como é, não levanta?
- Estou bem aqui.
- Eu sei, mas é preciso levantar.
- Levantar pra quê?
- Pra que, não. Por quê. Seu calção está molhado de água do mar.
- Tem certeza que é água do mar?
- Tá na cara.
- Como tá na cara? Analisou?
Forrou-se de paciência para responder:
- Olha, o senhor está de calção de banho, o senhor veio da praia, que água pode ser essa que está pingando se não for água do mar? Só se ...
- Se o quê?
- Nada.
- Vamos, diz o que pensou.
- Não pensei nada. Digo que o senhor tem de levantar porque seu calção está ensopado e vai fazendo uma lagoa aí embaixo.
- E daí?
- Daí, que é proibido.
- Proibido suar?
- Claro que não.
- Pois eu estou suando, sabe? Não posso suar sentado, com esse calorão de janeiro? Tenho que suar de pé?
- Nunca vi suar tanto na minha vida. Desculpe, mas a portaria não permite.
- Que portaria?
- Aquela pregada ali, não está vendo? "O passageiro, ainda que com roupa sobre as vestes de banho molhadas, somente poderá viajar de pé."
- Portaria nenhuma diz que o passageiro suado tem que viajar de pé. Papo findo tá bom?
- O senhor está desrespeitando a portaria e eu tenho que convidar o senhor a descer do ônibus.
- Eu, descer porque estou suado? Sem essa.
- O ônibus vai parar e eu chamo a polícia.
- A polícia vai me prender porque estou suando?
- Vai botar o senhor pra fora porque é um... recalcitrante.
O passageiro pulou, transfigurado:
- O quê? Repita, se for capaz.
- Re. .. calcitrante.
- Te quebro a cara, ouviu? Não admito que ninguém me insulte!
- Eu? Não insultei.
- Insultou, sim. Me chamou de réu. Réu não sei o quê, calcitrante, sei lá o que é isso. Retira a expressão, ou lá vai bolacha.
- Mas é a portaria! A portaria é que diz que o recalcitrante ...
- Não tenho nada com a portaria. Tenho é com você, seu cretino. Retira já a expressão, ou ...
Retira não retira, o ônibus chegou ao meu destino, e eu paro infalivelmente no meu destino. Fiquei sem saber que conseqüências físicas e outras teve o emprego da palavra "recalcitrante".

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A ESTRELA VOLTARÁ A BRILHAR

”Uma atriz não é uma máquina, mas eles te tratam como se fosse. Uma máquina de fazer dinheiro.”

Esta era a forte opinião de Marilyn Monroe, a maior estrela hollyoodiana de todos os tempos. Apesar de todos os seus filmes a retratarem como uma mulher inocente e sensual (em 1999, por exemplo, ela foi votada a mulher mais sensual do século 20 pela revista Playboy e a mulher mais sexy do mundo pela “People´s Magazine”), Marilyn não era apenas mais um rostinho bonito. Além de ser uma grande atriz, ela foi uma mulher inteligente e com muita determinação, o que a ajudou a enfrentar os muitos obstáculos para chegar ao sucesso.

E o que não falta são obras retratando sua vida fora da telona. Além de inúmeras biografias, a vida de Marilyn foi retratada em uma minissérie americana em 2001 e logo vai ter sua vida levada aos cinemas. Segundo o Total Film, o filme será baseado na biografia fictícia da atriz, “Blonde”, escrita por Joyce Carol Oates e terá como intérprete a atriz inglesa Naomi Watts (“Trama Internacional”). O longa será dirigido por Andrew Dominik (“O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford”), que já teria escrito uma prévia do roteiro. Segundo ele, Marilyn será retratada como “a figura central em um conto de fadas; uma criança órfã perdida na selva de Hollywood, sendo consumida por este grande ícone“. As filmagens começam em janeiro do ano que vem. Além de “Blonde”, outro filme está sendo produzido sobre a vida da atriz. O diretor de TV Simon Curtis será o responsável pelo filme “My Week With Marilyn”, que trará a atriz Michelle Williams (“A Ilha do Medo”) no papel principal.
Portanto, se em fevereiro de 1953, Marilyn foi nomeada “Mulher que mais Apareceu na Mídia no Mundo” pelo Advertising Association of the West, no século 21 ela estará mais viva do que nunca. Para você se preparar para esse lançamento imperdível, abaixo você poderá conferir um pouco da biografia da diva.

Marilyn Monroe nasceu no dia 1º de julho de 1926, em Los Angeles, Califórnia, filha de Gladys Baker. Como a identidade de seu pai era desconhecida, ela foi batizada como Norma Jeane Baker. Gladys trabalhava nos estúdios RKO como editora de filme, mas problemas psicológicos a impediram de permanecer no emprego e ela foi levada para uma instituição mental.

Norma Jeane passou grande parte de sua infância em casas de família e orfanatos até que, em 1937, ela mudou-se para a casa de Grace Mckee Goddard, amiga da família. Infelizmente, em 1942, o marido de Grace foi transferido para a costa Leste, e o casal não tinha condições financeiras para levar Norma Jeane, na época com 16 anos. Norma Jeane tinha duas opções: voltar para o orfanato ou se casar.

No dia 19 de julho de 1942, ela casou com Jimmy Dougherty de 21 anos, com quem estava namorando há seis meses. “Ela era uma menina doce, generosa e religiosa” disse Jimmy. “Ela gostava de ser abraçada”. Até então Norma Jeane amava Jimmy e eles estavam muito felizes juntos, até que ele entrou para a marinha e foi transferido para o Pacífico Sul em 1944.

Após a partida de Jimmy, Norma Jeane começou a trabalhar na fábrica Radio Plane Munition em Burbank, Califórnia. Alguns meses depois, o fotógrafo Davis Conover a viu enquanto tirava fotos de mulheres, que estavam ajudando durante a guerra, para a revista Yank. Ele não acreditou na sua sorte. Ela era um “sonho” para qualquer fotógrafo. Conover a utilizou para a seção de fotos e começou a lhe enviar propostas de trabalho como modelo. As lentes adoravam Norma Jeane, e em dois anos ela tornou-se uma modelo respeitável e estampou seu rosto em várias capas de revistas. Ela começou a estudar o trabalho das lendárias atrizes Jean Harlow e Lana Turner, e inscreveu-se em aulas de teatro sonhando com o estrelato. Porém, Jimmy retornou em 1946, o que significou que Norma Jeane tinha que fazer outra escolha, dessa vez entre seu casamento e sua carreira.
Norma Jeane se divorciou de Jimmy em Junho de 1946, e assinou seu primeiro contrato com a Twentieth Century Fox em 26 de agosto de 1946. Ela ganhava $125 por semana. Pouco tempo depois, tingiu seu cabelo de loiro e mudou seu nome para Marilyn Monroe (Monroe era o sobrenome de sua avó). O resto, como dizem, virou história.

O primeiro papel de Marilyn em um filme foi uma participação, em 1947, em Sua Alteza, a Secretária (The Shocking Miss Pilgrim). Continuou a fazer pequenas atuações e, a partir de 1950, passou a ter papéis mais influentes. No entanto, foi sua performance em Torrentes de Paixão (Niagara), 1953, que a tornou estrela. Marilyn fez o papel de Rose Loomis, uma jovem e bela esposa que planeja matar seu velho e ciumento marido (Joseph Cotten).

O sucesso de Marilyn em Torrentes de Paixão a rendeu os papeis principais em Os Homens Preferem as Louras (Gentlemen Prefer Blondes) e Como Agarrar um Milionário (How to Marry a Millionaire). A revista Photoplay votou Marilyn como melhor atriz iniciante de 1953, e aos 27 anos de idade ela era sem dúvida a loira mais amada de Hollywood.

No dia 14 de janeiro, 1954, Marilyn casou com o jogador de baseball Joe DiMaggio, em São Francisco, Califórnia. Eles namoravam durante dois anos quando Joe pediu a seu agente que organizasse um encontro para os dois jantarem e a pediu em casamento. “Eu não sei se estou apaixonada por ele ainda,” disse Marilyn à imprensa logo no início de seu relacionamento, “mas eu sei que eu gosto dele mais do que qualquer homem que já conheci”. Durante sua lua de mel em Tokyo, Marilyn fez uma performance para os militares que estavam servindo na Coréia. A sua presença causou quase um motim, e Joe estava claramente incomodado com aqueles milhares de homens desejando sua mulher.

Infelizmente a fama de Marilyn e sua figura sexual tornaram-se um problema em seu casamento. Nove meses depois, no dia 27 de outubro de 1954, Marilyn e Joe se divorciaram. Eles atribuíram a separação a “conflitos entre carreiras”, e permaneceram bons amigos.

Em 1955, Marilyn estava pronta para livrar-se da imagem de furacão loiro. Isso tinha dado a ela o estrelato, mas agora que ela tinha a oportunidade e a experiência, Marilyn queria seguir com seriedade a carreira de atriz. Ela mudou-se de Hollywood para Nova York para estudar na escola de atores de Lee Strasberg. Em 1956 Marilyn abriu sua própria produtora, Marilyn Monroe Productions. A empresa produziu Nunca Fui Santa (Bus Stop) e O Príncipe Encantado (The Prince and the Showgirl). Esses dois filmes serviram para Marilyn mostrar seu talento e versatilidade com atriz. Marilyn foi reconhecida pelo seu trabalho em Quanto Mais Quente Melhor (Some Like it Hot), 1959, e venceu o Golden Globe de melhor atriz em uma Comédia.

Lamentavelmente, o pior aconteceu na manhã do dia 5 de agosto de 1962, aos 36 anos Marilyn faleceu enquanto dormia em sua casa em Brentwood, Califórnia. O mundo estava em choque. O brilho e a beleza de Marilyn faziam parecer impossível que ela tivesse deixado a todos. No dia 8 de agosto de 1962, o corpo de Marilyn foi velado no Corridor of Memories, nº 24, no Westwood Memorial Park em Los Angeles, Califórnia.

Durante sua carreira, Marilyn atuou em 30 filmes e deixou por terminar Something's Got to Give. Ela foi mais do que uma estrela de cinema e rainha do glamour. Um verdadeiro furacão durante toda sua vida, a popularidade de Marilyn foi muito além de qualquer ícone. Hoje o nome “Marilyn Monroe” é sinônimo de beleza, sensualidade e glamour. Ela continua sendo uma inspiração para todos aqueles que lutam pelos seus ideais e superam os obstáculos.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pede mais uma que é por minha conta...

"Gosto de pensar na vida do vinho. Como é algo vivo. Gosto de pensar no que se passou quando as uvas cresciam, como o sol brilhava, se chovia. Gosto de pensar em quem cuidou e colheu as uvas,e , se for um vinho velho, quantas dessas pessoas devem estar mortas.
Eu gosto do modo como o vinho continua a evoluir.
Se abrir uma garrafa hoje, terá um gosto diferente de outro dia em que eu a abrisse.
Porque uma garrafa de vinho está de fato viva e constantemente evoluindo e ganhando complexidade. 
Quero dizer, até chegar ao seu auge,
 como o seu 61, 
e então começa o seu contínuo e inevitável declínio.
E tem um gosto bom demais." 
Maya

Sim, ela está falando de vinho, mas ela fala dele de uma forma tão humana!
É exatamente assim que o vinho é tratado durante o filme, uma verdadeira aula de degustação.
Para os apreciadores de vinho é um prato cheio.
Pra quem não gosta de romances dramático ou meloso (meu caso!) é uma excelente pedida.
Pra quem estuda a espécie masculina, é uma mão na roda.
O filme é excelente, a história é divertidíssima e as cenas excluídas não podem deixar de ser conferidas.






Miles Raymond (Paul Giamatti) é um homem depressivo, que tenta se tornar um escritor. Miles é fascinado por vinhos e decide dar como presente de despedida de solteiro a Jack (Thomas Haden Church), seu melhor amigo, uma viagem pelas vinículas do Vale de Santa Inez, na California. Eles partem juntos na viagem, mas logo se envolvem com duas mulheres. Jack conhece Stephanie (Sandra Oh), a funcionária de uma vinícola local, que faz com que ele queira anular seu casamento, que está marcado para daqui a poucos dias. Já Miles se interessa por Maya (Virginia Madsen), uma garçonete que tem o mesmo apreço por vinho que ele.


título original: Sideways

  • gênero:Drama
  • duração:02 hs 03 min
  • ano de lançamento:2004
  • site oficial:http://www2.foxsearchlight.com/sideways/
  • estúdio:Fox Searchlight Pictures / Sideways Productions Inc. / Michael London Productions
  • distribuidora:20th Century Fox Film Corporation
  • direçãoAlexander Payne
  • roteiro:Alexander Payne e Jim Taylor, baseado em livro de Rex Pickett

terça-feira, 18 de maio de 2010

UMA VIAGEM PITORESCA AO BRASIL

Como o Brasil é visto pelo mundo? Muitos comediantes satirizam o tema, brincando que para os estrangeiros o Brasil se resume a três palavras: samba, carnaval e caipirinha. Ainda assim, muitos estrangeiros mostraram um retrato fiel do Brasil ao voltarem para suas pátrias.

Em Novembro de 1807, D. João VI decidiu transferir da corte portuguesa para o Brasil, temendo um ataque de Napoleão. Mas obviamente Le queria continuar a desfrutar tudo o que a Europa considerava civilizado. Além de abrir portos brasileiros para as nações amigas, fundar o Banco do Brasil e fomentar a indústria, D. João VI desejava estimular a vida cultural, especialmente no Rio de Janeiro. Depois da derrota de Napoleão em 1815, o Brasil convidou alguns artistas franceses para que trouxessem para o Brasil elementos louváveis e desejáveis da civilização francesa.

Em 26 de março de 1816, no Rio de Janeiro, um grupo de artistas e artífices franceses aportou do navio Calpe. Entre os artistas estava Jean-Baptiste Debret, que desenvolveu uma profunda relação pessoal e emocional com o Brasil, adquirida nos 15 anos em que viveu aqui. Em 1831 o pintor voltou à França e ali publicou entre 1834 e 1839 a obra Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (Voyage Pittoresque et Historique au Brésil), sendo composta de 153 pranchas, acompanhadas de textos que elucidam cada retrato. Nela Debret tenta mostrar aos leitores - em especial europeus - um panorama que mudasse a simples visão de um país exótico e interessante apenas do ponto de vista da história natural. Mais do que isso, tentou criar uma obra histórica; mostrar com detalhes e minuciosos cuidados a formação - especialmente no sentido cultural - do povo e da nação brasileira; procurou resgatar particularidades do país e do povo, na tentativa de representar e preservar o passado do povo, não se limitando apenas a questões políticas, mas também a religião, cultura e costumes dos homens no Brasil. Seu desejo, segundo ele, era “compor uma verdadeira obra histórica brasileira, em que se desenvolve progressivamente uma civilização que já honra esse povo, naturalmente dotado das mais preciosas qualidades, o bastante para merecer um paralelo vantajoso com as nações mais brilhantes do antigo continente.”

O livro é dividido em 3 tomos: no primeiro de 1834 estão representados índios, aspectos da mata brasileira e da vegetação nativa em geral.



O segundo tomo, de 1835, concentra-se na representação dos escravos negros, no pequeno trabalho urbano, nos trabalhadores e nas práticas agrícolas da época.









Já o tomo terceiro, de 1839, trata de cenas do cotidiano, das manifestações culturais, como as festas e as tradições populares.




segunda-feira, 17 de maio de 2010

ENTREVISTA COM LAÍS BODANZKY

Laís Bodanzky é formada em cinema pela FAAP e estreou na direção em 1994 com o curta-metragem "Cartão Vermelho", sobre uma menina que vive entre moleques e descobre a sexualidade. Além de vários prêmios nacionais, foi selecionado para o New York Film Festival de 1995.

Em 2000 cumpriu a promessa que havia feito aos 26 anos - lançar seu primeiro longa-metragem ao completar três décadas de vida - e dirigiu o premiadíssimo longa "Bicho de Sete Cabeças" (48 prêmios no Brasil e exterior). Laís dirigiu também, em parceria com o marido Luiz Bolognesi, o documentário "Cine Mambembe", o cinema descobre o Brasil, baseado no projeto da dupla de exibição itinerante de filmes brasileiros para pessoas que não têm acesso às salas de cinema.

A partir de 2004 o projeto se transformou em uma sala de cinema itinerante com estrutura de primeiro mundo e passou a se chamar Cine Tela Brasil. O projeto já circulou por 98 municípios dos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e Paraná, apresentando filmes nacionais infantis e para adultos a mais de 230 mil espectadores.
Em 2007, idealizou as Oficinas de Vídeo Tela Brasil, que têm como objetivo oferecer ferramentas de criação e expressão através do audiovisual às comunidades de baixa renda. Sua formação também vem do teatro: Laís trabalhou com Antunes Filho em 1989. Em 2005 dirigiu a peça "Essa Nova Juventude" (duas indicações para o prêmio Shell: ator e cenografia).

Abaixo você vê uma entrevista em que Laís Bodanzky fala sobre seu último trabalho, o longa As Melhores Coisas do Mundo.

Como surgiu o convite para fazer um filme como As Melhores Coisas do Mundo?
A história desse projeto é muito interessante. Ele veio a convite da Gullane e da Warner Bros., e com ele, carta branca para executá-lo como quisesse. Foi um convite muito tentador, mas também provocativo, pois tínhamos, ali, que emprestar a nossa maneira de ver o mundo. O filme tem um formato diferente dos meus outros dois trabalhos “Bicho de Sete Cabeças” e “Chega de Saudade”.

Como se deu a escolha dos atores jovens para a trama? E, o trabalho para sua preparação?
O elenco principal, secundário e figuração, foram selecionados entre 2500 jovens estudantes em fase escolar. Se tornaram atores vivendo pela primeira a experiência da atuação neste filme. A escolha gradativa do elenco nos deu mais segurança. O processo de seleção já era uma semi preparação para os atores. Os testes já eram bem focados. Quando começamos de fato a preparação de elenco, não começamos do zero.

Como foram esses testes?
Partimos da idéia que não deveríamos explicar quem eram os personagens. Quando se dá apenas algumas informações e situações chaves ao ator, ele é capaz de fazer o jogo sem a caricatura. Quando você delimita o personagem, a pessoa quer mostrar tanto seu conhecimento sobre ele, que acaba caindo na teatralidade. Sem perceberem, eles se apropriaram muito bem dos personagens.

Como é a sua relação de diretora com o trabalho do ator?
Gosto de trabalhar com atores que de uma forma contribuam, que sejam co-autores. Mas, essa demanda precisa ser oferecida por eles. É um pingue-pongue. É muito bom quando você vê um ator argumentando, refletindo sobre o universo da personagem. No caso de “As Melhores Coisas do Mundo”, naturalmente, existe o conhecimento de mundo da vida deles (dos jovens). Os personagens se assemelham à vida real. Esses jovens tinham muito mais intimidade com o tema do que eu. Falavam com muita propriedade. Brinco que nesse filme eu tinha consultoria online.

O que a convenceu a dirigir um filme como “As Melhores Coisas do Mundo”?
O universo adolescente não é retratado no cinema brasileiro. Quando é retratado é de maneira caricatural. E, esse, é um público ávido por informação. Esse recorte me encantou. Falar do adolescente e para eles. Ou seja, usando a linguagem deles. Falar com sinceridade sem ser de cima para baixo.

Como foi a pesquisa de campo para a construção do roteiro de “As Melhores...”?
Foram realizados grupos de pesquisas em diferentes colégios de São Paulo, num total de sete instituições. Cada escola tinha um critério, entre as perguntas que fazíamos estavam como deveríamos falar e como não devemos fazer um filme que retratasse a sua realidade. Essas conversas eram muito íntimas. Eu mesma até chorei. Fiquei emocionada ao ver que o adolescente quando percebe um espaço em que pode falar, desabafa. E a gente até se assusta. Ele se entrega mesmo. Eram sempre conversas fortes. Através dessas conversas consegui levantar pontos comuns entre eles. E, um deles é que o adolescente fica mais tempo na escola do que na sua casa. Eles faziam questão de dizer que a família são seus amigos, aqueles com quem você convive. Queríamos trazer isso para o filme. Por isso, o universo da escola não podia ficar fora do filme.

Gostaria que você comentasse sobre os eixos escolhidos para tratar no filme, como a questão da ética e cidadania.
Em “As Melhores Coisa do Mundo” não precisamos forçar a barra quanto aos assuntos que foram trazidos à trama. Esses jovens falam de cidadania e ética sem perceber no seu dia a dia. No universo da casa, com a família os adolescentes funcionam como verdadeiras esponjas. Ouve comentários e acaba digerindo e volta para o mundo da forma como ele mesmo entendeu, não quisemos dar um tom didático.


Gostaria que você comentasse sobre uma das cenas mais sensíveis do filme, o momento em que a personagem Camila quebra os ovos...
Não sei se vou ter a sorte de fazer uma cena como essa novamente. Tão simples e ao mesmo tempo tão complexa. É uma cena que costumo dizer que é agridoce, você ri e chora ao mesmo tempo. Confesso que tinha medo dessa cena por ter um tom melodramático. Mas, durante a leitura do roteiro, a cena dos ovos era a que se destacava entre os adolescentes. A cena não foi ensaiada. No dia da filmagem, conversamos melhor sobre ela para darmos uma coerência para a ação. E, então, pontuei: primeiro um ovo cai e esse ovo que cai sem querer acaba sendo a gota d'água. O menino, como observador, transforma aquela gota d'água da mãe numa brincadeira, porque ele tem leveza pra isso.

Como foi trabalhar com atriz Denise Fraga e atores novatos como Francisco Miguez e Fiuk?
A Denise veio com muito desejo de interpretar a Camila, pois ela também é mãe. Entendeu muito bem o Francisco com o seu “abacaxi” de ter que carregar o filme nas costas, por ser o protagonista. A Denise deixou o Francisco chegar. Teve muita classe e muita humildade para que ele se sentisse à vontade. O Francisco é um menino muito reservado. Já o Fiuk é mais expansivo. Mais caloroso, se jogou de cabeça na figura de Pedro. O interessante é que a personalidade antagônica de ambos dá a configuração necessária para interpretarem irmãos. Fiuk tem carinho pelo seu personagem Pedro. Ele sofre com suas angústias. Desde o primeiro momento vi que estava de frente de um ator maduro. Ele conseguia compreender a dor do personagem. É um ator que consegue se dividir entre ser o personagem e ao mesmo tempo estar deslocado, com um olhar crítico e ultra consciente do trabalho que está exercendo.

Como trabalhar assuntos tabus, resultados de uma sensibilidade intensificada e que, na maioria das vezes, é levada às últimas consequências como no caso do personagem Pedro (interpretado por Fiuk)?
A questão do viver intensamente é algo que toca a humanidade. Com o passar do tempo, o resultado desse sentimento pôde ser identificado diante de experiências como a de um amor utópico, ou de uma dor muito forte. É algo que aflora principalmente na fase da adolescência. Resolvi trazer, então, esse sentimento para o filme e mostrá-lo com pode ser levado às últimas conseqüências. Queria que ele fosse visto através do universo familiar. Como no caso de Pedro, em que os pais não conseguem reconhecer o momento difícil pelo qual o filho está passando.

Como foi trabalhar com atores como Paulo Vilhena e Caio Blat?
Convidei o Paulo Vilhena para fazer o papel do professor de violão de Mano, Marcelo. Ele disse pra mim: “Não toco nada, mas imito perfeitamente!”. Mesmo não sendo músico, o Paulo tem aquele ar de sabedoria de mestre, que no surfe também aparece. E esse é um universo que para ele lhe é familiar. Todo adolescente tem seu mestre. Um tio, um irmão mais velho, um cantor. Eu sempre quis trabalhar com Caio. Seu papel do professor Artur não é a de um sedutor pela beleza, mas sim pela fala, pelo seu engajamento e forma de se colocar.

Qual foi sua experiência com a equipe que trouxe para “As Melhores Coisas do Mundo”?
O Daniel Rezende (responsável pela montagem do filme) foi um parceiro importante nesse trabalho. Descobri também um amigo. Conseguimos amadurecer mais rápido o filme com sua montagem paralela. Foi através dela, que pudemos descobrir falhas e filmar complementos de cenas. O Cássio Amarante como diretor de arte foi também uma figura chave para o processo. O Sérgio Penna que, com sua maneira descontraída com os jovens fez com que cada um buscasse sua forma para interpretar o personagem. Seu trabalho também foi responsável pelo amadurecimento desses atores.

domingo, 16 de maio de 2010

UMA AMIZADE VENCENDO TRADIÇÕES

Falar em animações no cinema é falar em sucesso garantido e ótimos lucros. Prova disso está na lista dos filmes que mais faturaram na história do cinema. Entre os 30 mais lucrativos, as animações estão nessa ordem:
  •          11.° Branca de Neve e os Sete Anões (1937)
  •          12.° 101 Dálmatas (1961)
  •          25.° O Rei Leão (1994)
  •          29.° Mogli – O Menino Lobo (1967)
  •          30.° A Bela Adormecida (1959)

Entretanto, nenhuma das animações de anos recentes atingiu uma boa colocação. O sucesso mais recente é Shrek 2 (2004) que ficou com a modesta 31.° colocação. Qual a explicação para isso? Será que as animações não atraem tanto o público como antigamente? As produtoras tentam mudar essa situaçõa com animações cada vez melhores (tecnicamente falando). O novo longa da Dreamworks, Como Treinar o seu Dragão, é um exemplo disso. O filme conta com o roteiro e a direção de Chris Sanders e Dean Deblois, os mesmos da animação da Disney Lilo e Stich (o que pode explicar a aparência do dragão Banguela).
Baseado na série homônima de livros infanto-juvenis da escritora inglesa Cressida Cowell, o longa narra a história de uma aldeia de vikings que era constantemente atacada por dragões. Conhecemos ali Soluço, um garoto viking cujo único desejo era se tornar um grande caçador de dragões para conquistar o respeito de seu pai, o líder guerreiro da comunidade. Mas quando finalmente consegue capturar um Fúria da Noite, o mais temido dos dragões, Soluço não consegue matá-lo e decide soltá-lo. A partir daí, ambos vencem a desconfiança e os receios, e uma forte amizade se desenvolve entre os dois.

Como a maior parte dos filmes direcionados para o publico infantil, Como Treinar o seu Dragão tem suas lições de moral. Além do clichê “Acredite em você mesmo”, o filme aborda temas como relacionamentos entre pais e filhos, mudanças de pensamentos e atitudes, além de mostrar como é sempre bom ter a mente aberta para novas experiências.

Algo muito bom sobre o filme é que os espectadores aprendem junto com o personagem principal. Note que, a princípio, a câmera mostra os dragões como seres ameaçadores, nos permitindo apenas relances destes, sempre de ângulos que realçam a natureza bestial desses répteis gigantescos. Mas a medida que o jovem herói se aproxima de Banguela e aprende mais sobre os bichos, começamos a vê-los de uma maneira mais idílica.


Os efeitos computadorizados são incríveis. Um exemplo é a perfeição na iluminação e nas sombras nas cenas feitas em ambientes iluminadas com fogueiras. A riqueza de detalhes da cidade viking impressiona e os ambientes externos parecem reais. As sequências de voo dos dragões, com seus planos de visão quase infinitos também são ótimos.

É cedo para dizer se a nova produção da Dreamworks será capaz de entrar para a lista acima. Mesmo assim, não há dúvidas de que Como Treinar seu Dragão é uma incrível aventura e vale a pena assistir.
Ficha Técnica
Como Treinar o seu Dragão (How to Train your Dragon, 2010)
Gênero: Animação
Duração: 98min
Origem: EUA
Estréia: EUA-Brasil - 26 de março de 2010
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Dean DeBlois, Chris Sanders
Roteiro: Dean DeBlois, Chris Sanders



sábado, 15 de maio de 2010

A DESPEDIDA DO ANJINHO

Apresentamos agora a última tirinha sobre o Anjinho. Mas não se preocupem, porque o adeus não é permanente e logo ele voltará para brincar com a turminha; e quando se tornar um adolescente, terá as suas próprias estórias.


sexta-feira, 14 de maio de 2010

O BUSTO PROIBIDO (Carlos Drummond de Andrade)

Emoção na praia. Alguém braceja entre as ondas, desesperadamente. O salva-vidas, de costas para o mar, nem te ligo.

_ O senhor não vai salvara vida daquele desgraçado, que está morrendo?

_ Calma, tudo a seu tempo. Ordens são ordens. Primeiro tenho que salvar o pudor público, detendo aquela senhorita ali, que está com as maminhas de fora.

Mas a senhorita, se estava com as ditas ao sol, recolheu- as imediatamente, ou seria miragem do deserto? O salva-vidas esfregou os olhos, encarou o busto primaveril, que absolutamente não oferecia pasto completo à gulodice visual, e não pôde fazer nada.

_ Os cavalheiros que se acham nas proximidades não viram por acaso esta senhorita atentar contra a moral?

_ Não senhor.

_ Eu não vi.

_ Nem eu.

_ Corta essa, aqui somos todos partidários da moral e do Mobral, e ninguém viu nada.

_ É a tal história. Mandam a gente exercer fiscalização severina sobre o vestuário das moças, quer dizer, sobre a falta de vestuário, e não sei o que é que vou fazer para mostrar serviço. Tá tudo legal. A senhorita me desculpe.

- De nada.

A essa altura; que foi feito do afogado? S não esperou, azar dele. A ronda continua, pela praia. Essa enterrou-se totalmente na areia, só a cabeça aparece, e desperta suspeita. Ou não? Pelas dúvidas, convém sindicar:

_ A senhorita quer ter a bondade de sair para fora da areia?

_ Ah seu salva, estou tão bem aqui.

_ Acredito, mas o delegado ...

_ O delegado proibiu a gente de se esconder na areia?

_ Que eu saiba, ainda não. Mas estou vendo o seu soutien do lado de fora, com o bronzeador e outras coisas, e saquei as minhas conclusões.

_ E daí? Dentro da cova de areia posso até ficar pelada cem por cento, ninguém tem nada com isso.

_ É, mas e na hora de sair da areia?

_ Aí o senhor me prende, antes não. Eu estou decentemente vestida de areia, não estou?

_ E se um gaiato passar por aqui e levar o seu soutien, como é que a senhorita se arranja para sair da praia?

_ O senhor me prende, uai. Problema seu. Agora, já imaginou o grilo que vai dar o senhor me levando para o Distrito nessas condições?

_ Mineira, hem? O pessoal em Minas está ficando muito pra frente.

_ Faz-se o possível. Mas vocês, no Rio, não colaboram, inventam cada uma.

_ Por mim, não. Também sou mineiro e com muita honra, viu? Mas é a tal de ordem superior, sabe como é? Mineiro é vidrado em mar, isso influiu na escolha de minha profissão. Até, se eu pudesse, não estava aqui de salva-vidas e salva-nâo-sei-o-quê. Estava dando uma de banhista, simplesmente.

_ Legal. Eu sabia que você não ia me prender por uma bobagem dessas.

- Bem, eu ...

_ Mineiro tem que ser solidário também no monoquíni, entende?

_ Falou. Então, na hora de sair, me avise .

_ Pra quê? Vai bancar o voyeur?

_ Sei lá o que é isso. Pra fazer a cobertura, dar proteção, impedir que a turma entusiasmada arranque até a parte de baixo ...

_ Não precisa, meu chapa. Eu estou de duas peças, sabe? Botei do lado de fora esse soutien de reserva, não foi pra perturbar, é porque uma onda mais velhaca pode deixar a gente como Eva é servida, e eu sou mineira, mineiro acorda prevenido pra tudo!