Os desafios que a atual juventude enfrenta é o tema central de As Melhores Coisas do Mundo, novo filme de Laís Bodanzky, diretora dos aclamados “Bicho de Sete Cabeças” e “Chega de Saudade”. Inspirado na série de livros infanto-juvenil Mano: Cidadão-Aprendiz, de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto, o filme conta a história de Mano (Francisco Miguez), um adolescente de classe média em São Paulo. O filme traz um retrato sincero do universo adolescente. Traz ao espectador temas recorrentes no cotidiano dos jovens, como escolhas e ética, medo, preconceito, bullying e o sentido de amizade, de família e do amor. Mostra claramente como a chegada do mundo adulto vem cercada de dificuldades de tirar o fôlego e exige do jovem uma grande transformação em sua forma de ver o mundo. Essas reflexões são uma característica dos filmes da diretora Laís Bodanzky que acredita que não há divisão entre entretenimento e cultura. “Cinema é reflexão, cidadania e educação”, afirma.
Para realizar “As Melhores Coisas do Mundo”, Laís e o roteirista Luiz Bolognesi visitaram escolas e realizaram pesquisas de campo com jovens. Cerca de 2.500 pessoas, entre protagonistas e figurantes, participaram das filmagens. Quase todo o elenco jovem do filme foi selecionado pela diretora entre os estudantes comuns dos colégios de São Paulo, que também receberam a oportunidade de ler, criticar e sugerir alterações no roteiro do longa. A estratégia funcionou e, apesar de ser baseado na série de livros “Mano”, é marcado por situações que só uma mente adolescente poderia prever.
Um ponto positivo do filme é o próprio cenário. É bom saber que um crescente numero de diretores percebe que, para se fazer um filme de sucesso, não é preciso que a história aconteça numa favela ou no sertão nordestino. Um segundo ponto positivo seria o próprio roteiro. Porque a coisa mais comum ao se assistir um filme sobre adolescentes é ver cenas forçadas e diálogos vazios (Malhação que o diga). As Melhores Coisas do Mundo retrata tão bem a adolescência dos anos 2000 que as vezes temos a impressão de assistir a um documentário e não a uma ficção.
Também, é impossível não falar sobre a atuação do iniciante Francisco Miguez. Selecionado entre os mais de 300 estudantes do colégio Oswald de Andrade, no Alto da Lapa, Francisco foi o que melhor se encaixou no perfil de Mano. Apesar de nunca ter nenhuma experiência em dramaturgia, ele surpreendeu a todos com uma atuação bastante espontânea. Também se destaca o experiente Paulo Vilhena, além de Denise Fraga e Zé Carlos Machado que interpretam os pais de Mano.
Críticas? Bem, o filme contém uma falha técnica que acontece m quase todos os filmes nacionais: a captação de som direto. Em alguns momentos, os diálogos ficam um pouco confusos. Mesmo assim, é um ótimo filme. Diria que não vai entrar para a seleta lista de grandes sucessos nacionais (ninguém vai sair por aí imitando o Mano igual imitavam o Capitão Nascimento). Mas é um filme que tem uma importância muito grande no cenário cultural e histórico brasileiro e, com certeza, vale a pena assistir.
Ficha Técnica
Gênero: Drama
Duração: 107min
Origem: Brasil
Estréia: Brasil - 16 de abril de 2010
Estúdio: Warner Bros.
Direção: Laís Bodanzky
Roteiro: Luiz Bolognesi
Elenco
FRANCISCO MIGUEZ: Hermano
FILIPE GALVÃO (FIUK): Pedro
DENISE FRAGA: Camila
ZÉ CARLOS MACHADO: Horácio
GABRIELA ROCHA: Carol
GABRIEL ILLANES: Deco
GUSTAVO MACHADO: Gustavo
CAIO BLAT: Artur
PAULO VILHENA: Marcelo
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